[MÚSICA] Neste módulo, nós falaremos sobre algo pouco mais aprofundado. São as barreiras implícitas na trajetória profissional das mulheres e, para começar, falaremos sobre fenômeno bastante conhecido, que é o teto de vidro ou o glass ceiling. Já ouviu falar sobre esse termo? Glass ceiling inglês, ou teto de vidro português? Acredito que sim, é bastante comum. Como isso começou? Lá no início, com a divisão sexual do trabalho, temos visto mitos sobre a diferença de gêneros. Os homens sendo vistos como provedores e trabalhadores fora de casa. A gente tem visto também esse planejamento de trajetória de carreira bastante linear para homens, ou seja, homens quando vão trabalhar nas indústrias, nas organizações diversas, têm uma noção de que vão seguir alguma carreira, algum eixo, e vão ocupar cargo a cargo. Temos também uma noção de que as habilidades e as competências são vistas e percebidas com vieses quando a gente considera homens e mulheres. E como começou então a discussão dessa ideia, desse teto de vidro? Lá 1839, foi a primeira vez que a gente ouve esse termo. Nós temos a feminista francesa George Sand, que descreveu que isso acontecia, ou seja, é uma barreira que existe, mas ela é de vidro, ela é transparente. E a primeira vez que esse termo foi utilizado da forma que entendemos hoje foi 1978, ou seja, há poucas décadas, foi utilizado pela Marilyn Loden. O conceito de teto de vidro é justamente entender que são barreiras estruturais invisíveis que impedem mulheres de ascender na carreira, ou aspirar a cargos melhor remunerados e de maior prestígio. O que a gente tem é esse fenômeno que várias mulheres até ingressam nas organizações, são uma boa parte das bases, estão vários cargos de entrada, só que à medida que a gente tem esse funil, essa pirâmide, não só são menos possibilidades, porque quanto mais alto o cargo, menos volume nós temos de pessoas ocupando esses lugares, mas também temos uma proporção cada vez menor de mulheres, ou seja, ali nos primeiros níveis de gestão é comum que a gente tenha torno de 40% de mulheres mais ou menos, dependendo do país ou do setor, mas quando vamos vendo os outros níveis superiores, inclusive esses cargos de diretoria, elas são 20% ou menos. Inclusive o principal cargo dificilmente a gente vê estudos que passam de 10%. Essa metáfora do teto de vidro é utilizada por pesquisadores para explicar por que a presença das mulheres cargos de direção não possui uma distribuição homogênea nos diversos setores de atividade do mercado de trabalho. Dessa forma, os efeitos do teto de vidro são identificados na extremidade superior, que tem simultaneamente salários elevados e alta taxa de crescimento profissional, sendo que os homens apresentam maiores índices de promoções ao longo de intervalo de dez anos e ocupam a maioria dos postos de trabalho que proporcionam elevados níveis de status e poder. Por exemplo, uma vez fizeram estudo para ver quanto seria essa diferença, porque quando a gente fala sobre gap salarial, é normal que a gente compare mulheres e homens ocupando cargos semelhantes. Mas e se a gente comparasse esses mesmos salários independentemente do cargo que eles ocupassem? O que banco inglês descobriu certa vez é que essa diferença chegava a até mais de 50%, ou seja, as mulheres ganham menos do que a metade do que os homens quando independe de qual cargo e de qual nível que eles estão ocupando. Existem indícios de teto de vidro que retarda o progresso das mulheres mais bem-sucedidas relação aos homens na mesma condição. Isso também acontece, e quando falamos de teto de vidro, o mais comum é a gente não só pensar nesse impedimento da chegada dos níveis superiores, mas também a gente vê retardamento desse progresso. As mulheres levam muito mais tempo para chegar aos cargos de CEO; elas já são minoria, mas também levam muito mais tempo. Esses levantamentos foram feitos já diversos países, inclusive no Brasil. As mulheres chegam já mais velhas a esse cargo. Além disso, algumas lideranças não se empenham proporcionar às mulheres oportunidades de ascensão na carreira, além de não se preocuparem promover ações para isso, e nesse sentido a gente vê cada vez mais dificuldades, já que as mulheres já têm mais dificuldades por elas mesmas de terem essa ambição de chegar nessas posições, só que as empresas também muitas vezes não têm ações ou práticas que tenham força nesse movimento. A ideia aqui é a gente pensar como que esse teto de vidro tem evoluído, e na próxima aula falaremos mais sobre isso. [MÚSICA]