[MÚSICA] Neste último módulo falaremos sobre as boas práticas e ações afirmativas nas organizações. Para começar, o que as organizações têm feito para a equidade de gênero? O que tem sido feito para equidade de gênero por parte das empresas? Como está o ritmo da mudança? Como será que você enxerga isso? Você vê mudanças nos últimos anos? Esse tema tem sido pauta das discussões, das reuniões. Por dados externos, a gente vê que esse processo acontece, mas é lento, afinal, milagres não acontecem, a gente não vai ter uma revolução de uma hora para a outra, aliás, nem é esperado. Segundo a pesquisa da ONU junto com a ONG WILL, Women in Latin America, indica que o avanço da igualdade de gênero nas empresas brasileiras acontece, mas realmente está abaixo dos outros países do continente. Quase 70% das 162 empresas analisadas numa pesquisa Mulheres da Liderança, informaram ter uma liderança formal para promoção da equidade de gênero, ou seja, são dados recentes e que mostram dados animadores, afinal, mais da metade das empresas já estão preocupadas e, sim, têm uma liderança formal que vai buscar esse tipo de resultado. Muitas empresas têm criado grupos ou áreas que atuam para a causa da equidade de gênero, já sendo próximo do que vemos várias outras empresas, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Esses grupos e áreas que são formados, muitas vezes são multidisciplinares, a gente vê profissionais de vários departamentos que se unem por causa de algum assunto que têm afinidade comum, o que é bem interessante por lado, porque estão alí altamente engajados, por outro lado, nem sempre esses grupos são tão formalizados ou tão estruturados afim de trabalhar esse objetivo de uma forma mais organizada e também com metas tão claras. Temos cenário ainda distante do ideal, a gente tem visto algumas iniciativas, essas propostas de grupos, essas formas que nós temos de querer atingir a equidade de gênero, só que ainda temos dados e números que não mostram aquilo que a gente entende como adequado, não existe equilíbrio e aí eu gostaria de trazer uma discussão. Será que 10% já é metade? Não, porque metade, que seria o equilíbrio, é o 40/60% e, muitas vezes, as empresas quando têm alí uma participação de mulheres torno dos 10%, já acha que fez bastante. Se a gente tem 10% de mulheres na alta liderança, se a gente tem 10% de mulheres no conselho de administração, parece resultado já muito bom, mas, na verdade, muita coisa ainda precisa ser feita. O que a gente também vê nas organizações são as mulheres pioneiras, ou seja, são aquelas primeiras mulheres que atingem determinados cargos, a primeira que vira CFO, ou seja, é a primeira diretora financeira da empresa, uma primeira que ocupa alí a cadeira no conselho de administração ou uma primeira mulher que ocupa o cargo de CEO, porém, esses modelos únicos não vão mudar, não vão trazer uma transformação suficiente, a gente tem grandes passos, mas esses passos são lentos, a gente tem visto pelo pacto global da ONU, a ODS 5, que objetiva o desenvolvimento sustentável, com metas claras para 2030, uma ótima proposta, mas que, infelizmente, pelos seus estudos de previsão, nenhum país alcançará, alguns países estarão mais próximos, mas a gente vê ainda vários outros que têm muito a fazer. Na verdade, existe abismo grande e que se a gente não começa por alguma ação, a gente, realmente, nunca vai conseguir esse tipo de resultado. O que as organizações têm feito, então? Estão, pelo menos, pensando sobre o assunto, o que já é grande passo. A partir do momento que isso torna-se uma preocupação, provavelmente, é uma meta também e aí a gente tem estudo da Mercer, uma consultoria, dizendo que 66% dos executivos já considera o tema da equidade de gênero uma prioridade, são dados de 2021. Quase 70% têm uma liderança formal para a equidade de gênero e aí a gente percebe que, nesses grupos, quanto mais a gente conseguir inserir os altos executivos, melhores os resultados, porque isso vai se tornar mais visível nas organizações e esses altos executivos vão liderar o processo, vão realmente fazer com que as coisas aconteçam. É patrocínio bem importante, é movimento que a gente vê alí uma força estratégica e que, realmente, vai ter mais chances de ter a equidade de gênero, pelo menos naquele espaço. A gente começa a ver resultados mais positivos com essa aplicação do conceito, ou seja, à medida que a empresa toma isso como uma premissa, precisamos da equidade de gênero, as coisas começam a acontecer. Não adianta esperarmos porque as coisas não acontecerão de uma forma natural, não vai ser automático que a gente tenha mais mulheres nas lideranças. Isso precisa ser provocado e essas mudanças acontecem aos poucos, a gente não consegue de uma forma imediata tirar metade dos diretores homens para colocar mulheres, isso é impossível, mas a gente precisa fazer essa renovação e ter essa discussão de uma forma cada vez mais frequente. Até a próxima aula, a gente se vê. [MÚSICA]