Bem-vindos de volta ao nosso curso. Na aula de hoje nós vamos começar a abordar técnicas de arco e abordando uma das duas escolas que nós estamos nos baseando que é escola do Carl Flesch. O Carl Flesch foi violinista húngaro, ele nasceu 1873, morreu 1944 e foi talvez dos primeiros violinistas a pensar quase de maneira científica o tocar o instrumento. É sempre bom deixar claro que não existe uma só maneira correta de se tocar instrumento. Vocês provavelmente já viram gente tocando bem com técnicas distintas e existe bastante controvérsia, bastante variedade e eu diria que mais até nas escolas de arco do que nas questões da mão esquerda do instrumento. Mas de qualquer maneira como o Carl Flesch foi muito influente e com esse pensamento bastante racional nós vamos começar por ele. Ele escreveu dois livros importantes na arte de tocar violino e métodos, tanto métodos de estudos de escalas como métodos de estudos e exercícios básicos entre outras publicações que vocês podem ver nesta foto. Dentro desse pensamento "científico" do Carl Flesch, ele procurou identificar quais movimentos que os nossos braços, mãos e dedos utilizam quando a gente toca o instrumento. Então ele chegou a seis movimentos básicos que eu vou detalhar a partir de agora. O primeiro dele é movimento bem grande, que todo o conjunto se move então eu tenho desde o ombro até a mão, tudo como grande bloco, e eu faço este tipo de movimentação, posso fazer na ponta, posso fazer no meio do arco e posso fazer no talão. Vocês veem que aqui tem uma amplitude, aqui tem uma amplitude maior e lá na ponta do arco eu tenho uma amplitude bastante grande, então esse seria o primeiro movimento básico que eu uso para mudar de uma corda para a outra, princípio. O segundo movimento básico é movimento que a gente usa do meio do arco até o talão, e é movimento diagonal do cotovelo direito. Então ele vem nesta direção diagonal que é mais ou menos o movimento que eu faria se fosse coçar a minha orelha esquerda. Eu não faria assim nem assim, então o natural é nessa direção diagonal, e é o que o nosso cotovelo faz no arco quando eu toco na metade inferior do arco. Na verdade ele é movimento mais elíptico, mas é nessa direção, ele sobe pouco mais alto, desce pouco mais baixo, mas é nessa direção da diagonal. O terceiro movimento básico é movimento que a gente usa do meio do arco até a ponta e aí ele já é movimento que envolve só esta articulação do cotovelo, então o que se move agora é só o antebraço. Então eu tenho este deslocamento, esse abre e fecha do braço direito. Então vocês estão reparando que os movimentos estão ficando menores tamanho, essa é maneira da gente entender, de memorizar essa sequência, então o primeiro é grandão, o segundo ainda mexe bastante e o terceiro mexe só aqui. O quarto movimento básico também mexe só do cotovelo para baixo, mas é movimento de rotação. Eu não abro e fecho mais o cotovelo, eu só giro nesse sentido como se eu fosse abrir uma maçaneta redonda. Ele tem dois sentidos, se eu faço esse movimento no sentido anti-horário, ele é chamado de pronação, esse é o nome que é dado ao movimento. Se eu faço no sentido horário, é movimento chamado de supinação. Termos técnicos mas é importante a gente saber. Então esse movimento número quatro é movimento que eu usaria se eu quisesse mudar da primeira para a quarta corda sem mexer todo o braço, porque aí seria o movimento básico. Estou mexendo só nesta articulação. Certo? Quinto movimento básico, é movimento que vai acontecer só aqui na articulação do pulso. É movimento nesse sentido, é uma outra possibilidade de mudar de corda. Então eu posso fazer isso com o movimento básico Mas eu posso fazer com o movimento básico Cinco. Utilizando esta articulação menor. Por fim, o último é o menor de todos, é movimento de dedos apenas. Neste movimento eu vou ter a extensão e contração dos dedos. Existe golpe chamado collé que utiliza bastante essa movimentação dos dedos. Eu estico os dedos e contraio. Eu apoio o arco sobre a corda e faço essa movimentação. Então existe uma lógica por trás desse pensamento do Carl Flesch e junto com isso ele fala três posições de dedos, de acordo com a região que estou tocando. Se eu estiver tocando na ponta do arco, eu tenho os dedos mais esticados. À medida que eu saio de lá eu entro na posição que ele chama de posição normal, e quando eu me aproximo do talão ele fala na posição de talão, onde os dedos estão mais planos. Então tenho a posição de talão, posição normal e posição de ponta, com os dedos mais esticados. Esses seriam os fundamentos dessa escola, desse pensamento do Carl Flesch. Normalmente quando a gente toca, nós fazemos uma combinação desses movimentos, nada é movimento puro. Por exemplo, pro Carl Flesch, se eu vou tocar na metade inferior do arco, junto com esse movimento básico Dois, o movimento diagonal do cotovelo, ele faz movimento básico Quatro, que é a rotação do antebraço. Por que ele faz isso? Para evitar o raspão, que é aquela coisa que a gente mais tem medo aqui é chegar neste som. Para evitar isso que vem com o excesso de pressão, ele promove a tal da supinação na subida do arco. Antes que o arco raspe, tirando esse som eu giro o antebraço, transferindo o peso para o dedo mínimo, tirando o peso do indicador e vice-versa na volta do arco. Eu vou gradualmente saindo dessa posição de talão e transfiro o peso de volta aqui pro indicador. Então no Carl Flesch existe esse tipo de movimentação que acompanha então junto com o movimento básico Dois e eu estou fazendo o movimento básico número Quatro. Conhecer estes movimentos é muito importante, como veremos mais para frente, quando estiver falando de spiccato e sobre outros golpes de arco. Por que? Porque isso vai me permitir optar qual a combinação de movimentos vai funcionar melhor para uma determinada passagem. Agora seguida vou apresentar uma sugestão de exercício para vocês praticarem esses conceitos e fundamentos da escola do Carl Flesch. [AUDIO_EM_BRANCO] [AUDIO_EM_BRANCO] [AUDIO_EM_BRANCO] [AUDIO_EM_BRANCO]